O Brasil é o país que mais realiza cirurgias plásticas no mundo, segundo o novo relatório da ISAPS (Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética), principal organização global da área, divulgado neste mês.
Em 2024, o país registrou 3.123.758 procedimentos estéticos —o equivalente a 9% do total global. Desse número, 75% das intervenções foram cirúrgicas (2.354.513) e 25% não cirúrgicas (769.245), como preenchimentos, aplicação de toxina botulínica e outras intervenções minimamente invasivas.
A lipoaspiração lidera em território nacional, representando 9,2% de todos os procedimentos feitos no país. Em seguida, aumento de mamas (7,4%), blefaroplastia, que é a cirurgia de rejuvenescimento das pálpebras, (7,4%), abdominoplastia (6,2%) e gluteoplastia com implante (5,4%).
Médicos ouvidos pela reportagem reforçam que, antes de optar por uma cirurgia, é fundamental buscar profissionais qualificados. No site da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica), no campo "Encontre Um Cirurgião", o paciente pode verificar se o médico tem a certificação necessária ao digitar o nome do médico (parcial ou completo, sem acento). "Todo membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica deve, obrigatoriamente, ser encontrado nesta plataforma por um dos critérios de busca: nome completo, ou parcial, ou estado de atuação", informa o site.
Desta forma, o paciente poderá encontrar o número do profissional no CRM (Conselho Regional de Medicina), a cidade e o estado em que ele atua e o RQE (Registro de Qualificação de Especialista), que é um número que identifica se um médico é registrado como especialista reconhecido pelo CRM após comprovação de residência médica ou título de especialista.
"A popularidade nas redes sociais não deve ser critério de escolha. Indicações de outros médicos ou de pacientes são muito mais seguras", afirma Marcelo Chemin Cury, membro titular da SBCP, regente do Capítulo de Cirurgia Órbito-Palpebral da SBCP e especialista em cirurgias órbito-palpebrais e faciais.
A busca pelo corpo ideal segue a principal demanda no país, explica o cirurgiões Daniel Regazzini, diretor de comunicação Nacional da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica).
"O Brasil sendo um país tropical, com uma valorização grande do corpo e da estética, contribui para a lipoaspiração ser a cirurgia mais realizada no país", explica Cury.
Entre os procedimentos não cirúrgicos, a aplicação de toxina botulínica representa 45,7% do total, seguida pelo ácido hialurônico (22,9%), radiofrequência para flacidez facial (7,8%), resurfacing com laser fracionado —um tratamento estético para rejuvenescimento da pele— (7,1%) e depilação definitiva (3,8%).
Globalmente, o levantamento mostra que a cirurgia mais procurada é a blefaroplastia, ultrapassando a lipoaspiração pela primeira vez, que representa 13,4% de todas as cirurgias estéticas feitas no mundo —agora em segundo lugar no ranking, teve uma queda de 12,6% em relação ao ano anterior.
Em seguida aparecem o aumento de mamas, com 9,4%, a revisão de cicatriz (7,3%) e a rinoplastia (6,9%), completando o ranking dos cinco procedimentos cirúrgicos mais realizados no mundo.
Entre as mulheres, os procedimentos cirúrgicos mais procurados foram lipoaspiração, blefaroplastia, aumento de mamas, abdominoplastia e revisão de cicatriz. Já entre os homens, a blefaroplastia lidera (com 39% das cirurgias feitas em homens), seguida por ginecomastia, revisão de cicatriz, lipoaspiração e rinoplastia. A demanda por procedimentos masculinos cresceu 6,3% em 2024, enquanto entre as mulheres houve uma queda de aproximadamente 4%.
Regazzini cita também que a "popularidade da blefaroplastia não está apenas ligada à estética, mas também à funcionalidade. Muitos pacientes, especialmente homens, procuram o procedimento por conta de limitações visuais causadas pelo excesso de pele nas pálpebras", completa o médico.
Cury destaca que, embora a faixa etária que mais busca a blefaroplastia seja geralmente acima dos 45 anos, o envelhecimento é um processo individual e variável. Segundo ele, já atendeu pacientes de 35 anos com sinais avançados nas pálpebras, enquanto outros, com 50 anos, ainda não apresentavam indicação para a cirurgia. A recomendação do procedimento, afirma, deve ser baseada em uma avaliação clínica personalizada, e não unicamente na idade.
O médico cita também que vê um novo padrão na busca rejuvenescimento com a grande exposição em redes sociais e câmeras de celulares. Esse contexto aumenta exigências com a aparência, o que torna essencial alinhar expectativas realistas com o cirurgião antes de qualquer procedimento.
Já entre os procedimentos não cirúrgicos, a toxina botulínica segue em alta no mundo todo, com cerca de 55% das intervenções não invasivas. Em seguida vem o ácido hialurônico (44,2%), remoção de pelos (10,4%), radiofrequência para flacidez facial (8,7%) e peeling químico (5,7%) — sendo que os três últimos apresentaram crescimento superior a 30% em relação a 2023.
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Apesar da liderança do Brasil em cirurgias, os Estados Unidos concentram 16% de todos os procedimentos estéticos feitos no mundo em 2024, com 6.165.173 registros — sendo 32% cirúrgicos e 68% não cirúrgicos. Os cinco procedimentos mais realizados por lá foram toxina botulínica (29,1%), ácido hialurônico (21%), radiofrequência (5,7%), lipoaspiração (5,6%) e aumento de mamas (3,7%).
O Japão aparece em terceiro lugar, com 1.631.600 procedimentos — 23% cirúrgicos e 77% não cirúrgicos. Entre os procedimentos não invasivos, os mais frequentes foram toxina botulínica (33,1%), ácido hialurônico (27,3%), remoção de pelos (10,6%), peeling químico (10,1%) e radiofrequência (6,5%). Nas cirurgias, lideram a blefaroplastia (36,8%), rinoplastia (24,3%) e lifting facial (5,7%).