Entre Trump e Putin, Europa promete reforço à Otan

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O encontro de líderes da Organização do Tratado do Atlântico Norte na quarta (25) selou um acordo necessário, embora ainda incerto em sua efetividade, entre EUA e Europa.

Donald Trump engoliu seus sucessivos impropérios contra a Otan diante do aval dos aliados europeus à elevação dos gastos militares de 2% para 5% do Produto Interno Bruto ao ano até 2035 —o que representará um desembolso adicional de mais de 1 trilhão de euros pelos 32 países que integram a entidade.

Nos 5%, 3,5% irão para despesas propriamente militares, com ajuda a Kiev incluída nesse percentual, e 1,5% será destinado à infraestrutura e resiliência civil.

Ao menos por ora, o republicano enterrou sua ameaça de retirar os EUA da organização e aceitou o compromisso de defesa mútua em caso de agressão a qualquer dos aliados, como estabelece o artigo 5º da Carta da Otan. Não foi pouco para um encontro iniciado sob a suspeita de fracasso e concluído com a omissão da guerra entre Rússia e Ucrânia em sua declaração final.

A Casa Branca alardeou o pacto como uma vitória de Trump. Mas não foi tão forçoso para os europeus aceitarem seus termos, já que de certa forma o acordo acomoda-se às necessidades de segurança na região e aos dispêndios em ascensão desde que o exército de Vladimir Putin invadiu o país vizinho em 2022.

No ano passado, 22 dos 30 membros europeus da Otan cumpriram o piso vigente de 2%. Entre eles, a Polônia, localizada na fronteira com a Rússia, atingiu 4,12%. A União Europeia anunciou neste 2025 gastos de US$ 860 bilhões em rearmamento, embora sem indicar em qual período.

A nova meta, a ser revisada em 2029, certamente imporá aos europeus desafios orçamentários em um contexto político turbulento, com o avanço de partidos de extrema-direita e a fragilidade das bases legislativas de vários de seus governos.

Medidas a serem tomadas para cumprir o acordo tendem a gerar contrariedade da opinião pública. Sobretudo se o histórico modelo de bem-estar social for impactado por uma expansão de gastos militares que dificilmente resultará em impulso às economias nacionais e em tranquilidade nas finanças públicas.

O revanchismo de Trump, ao vislumbrar retaliações tarifárias dos EUA aos aliados que descumprirem a meta, em nada propicia a implementação do acordo. A bem do reforço da Otan, quando se trata de prevenir um conflito em solo europeu, a sabedoria recomenda flexibilidade e redução de atritos entre aliados.

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