Astronautas da Índia, Polônia e Hungria decolaram nesta quarta-feira (25) rumo à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), em uma missão privada americana que representa o retorno ao espaço das três nações, em uma missão tripulada, após várias décadas.
A missão Axiom 4, cuja tripulação inclui um astronauta americano, decolou da Flórida às 2h31 no horário local (3h31 no horário de Brasília), a bordo de um foguete Falcon 9 da SpaceX, a empresa espacial de Elon Musk.
A cápsula Crew Dragon que transporta o grupo está prevista para se acoplar à ISS às 8h desta quinta-feira (26), no horário de Brasília, e permanecerá na estação espacial por até 14 dias. Inicialmente, a missão estava planejada para partir em 11 de junho, mas precisou ser adiada devido a um vazamento no foguete.
Além disso, havia um vazamento na própria estação espacial. O problema foi detectado no módulo de serviço do segmento russo. O compartimento, com mais de duas décadas, há meses apresenta pequenos vazamentos. A agência russa Roscosmos afirmou ter feito o reparo no dia 13 deste mês.
A tripulação é formada pelo piloto indiano Shubhanshu Shukla, pelo polonês Slawosz Uznanski-Wisniewski, pelo húngaro Tibor Kapu e pela americana Peggy Whitson, ex-astronauta da Nasa que agora trabalha para a Axiom Space, uma empresa americana que oferece serviços de voos espaciais privados.
Durante a estadia, eles realizarão cerca de 60 experimentos, principalmente com microalgas e tardígrados (animais microscópicos conhecidos como ursos d'água).
Os voos espaciais anteriores de astronautas da Índia, Polônia ou Hungria aconteceram há mais de 40 anos.
Seus predecessores foram chamados de cosmonautas porque voaram a bordo de naves espaciais soviéticas, como parte de missões oferecidas a países aliados da URSS. Isso foi antes do colapso do bloco soviético.
Poder brando
"Levo comigo não apenas instrumentos e equipamentos, mas também as esperanças e os sonhos de um bilhão de corações", declarou recentemente Shubhanshu Shukla em uma entrevista coletiva.
O piloto de 39 anos está prestes a fazer história para seu país, o mais populoso do planeta, ao se tornar o primeiro indiano na ISS e o segundo a entrar em órbita depois de Rakesh Sharma, que chegou à estação espacial soviética Salyut 7 em 1984.
Espera-se que sua participação na missão Axiom seja um passo-chave para o primeiro voo tripulado que a Índia planeja realizar em 2027. Em agosto de 2023, o país tornou-se o quarto país a levar uma nave não tripulada à Lua, após Rússia, Estados Unidos e China.
Uma vez na ISS, está previsto que Shukla converse com uma "personalidade importante", que, segundo a imprensa local, poderia ser o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.
Os três países financiam a missão de seus astronautas.
A Hungria anunciou em 2022 que pagaria US$ 100 milhões (R$ 550 milhões) por seu assento. Índia e Polônia não revelaram quanto desembolsaram pelo lugar no voo, o que é considerado um momento de orgulho nacional e "soft power".
Segundo a imprensa indiana, Nova Déli gastou mais de US$ 60 milhões (R$ 330 milhões).
A missão ocorre após a explosiva disputa no início de junho entre o presidente americano, Donald Trump, e Elon Musk, durante a qual o bilionário ameaçou desativar sua cápsula Crew Dragon.
Utilizada pela Axiom, a cápsula desempenha um papel crucial para a Nasa, por ser a única nave espacial adotada pela agência hoje para transportar astronautas para a ISS.
O conflito entre os dois colocou em evidência a dependência do governo dos Estados Unidos em relação aos serviços da SpaceX, usada não apenas pela Nasa, mas também pelo Pentágono para enviar cargas e satélites ao espaço.
Espera-se que a Starliner, da Boeing, venha a ser uma opção da Nasa para o acesso ao espaço. No entanto, o desenvolvimento da cápsula tem sofrido uma série de obstáculos, como o que fez com que a nave retornasse vazia à Terra no ano passado depois de levar dois astronautas da Nasa à ISS em sua primeira missão tripulada.