Mortes: Produtor cultural, criou feira de economia criativa no centro de São Paulo

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Ele tinha cachos dourados, sorriso largo e um coração gigantesco. Kauê, o mais velho de três irmãos, amava o mar e costumava viajar quando pequeno com a família para uma casinha simples de pescador que tinham na Barra do Saí (SC). Foi com os caiçaras locais que aprendeu a pescar.

Começou a trabalhar cedo, aos 16 anos, na Associação Novo Olhar. Sua primeira experiência foi como operador de câmera. Nesta função participou de diferentes séries, até decidir que queria seguir a carreira de produtor.

Entre tantos trabalhos, um tinha lugar especial para ele, o "Chegadas e Partidas", no canal GNT —programa da apresentadora Astrid Fontenelle, no qual ele trabalhou desde a estreia.

Foram ao menos quatro anos ao lado de Astrid, que, ao saber de sua morte, enviou uma coroa de flores ao seu velório. A mãe de Kauê, Mariângela Magalhães, se emociona ao lembrar: "Parando para refletir, nosso tempo aqui é marcado desta forma, pelas chegadas e partidas".

Para Stephanie Alves, sua prima, Kauê realizou seu grande sonho, o projeto cultural de economia criativa Old Roger. Criado há dez anos com amigos, tinha o propósito de ocupar ruas da capital paulista marginalizadas.

Seu objetivo era levar para as ruas arte e cultura, criando espaço para expositores que tivessem como sua principal fonte econômica os próprios trabalhos artísticos. Com a Old Roger, ele ajudou a criar empregos para autônomos, sempre priorizando minorias como a comunidade LGBTQIA+, da qual Kauê fazia parte.

"Ele vinha trabalhando em um projeto para criar diversas videoaulas para produtores. O Kauê tinha uma preocupação de não apenas abrir o espaço para os expositores, mas de alguma forma também contribuir para que eles evoluíssem", diz a mãe.

O projeto começou com 80 expositores, e atualmente tem mais de 250 pequenos empreendedores. Com isso, é considerada a principal feira de economia criativa do centro de São Paulo.

"Assim ele era como pessoa, deixou muitos amigos. Isso conforta o coração da gente, apesar de ter sido uma vida curta, foi plena. Foram inúmeras as mensagens de pessoas com histórias de vida que foram tocadas através dele. Kauê entrava na vida das pessoas para fazer alguma diferença", comenta Mariângela.

Kauê morreu no dia 18 de março, aos 38 anos, em decorrência de uma crise asmática. Seu corpo foi encontrado no dia seguinte por um amigo. O produtor foi cremado e suas cinzas serão jogadas em alto-mar na Barra do Saí, lugar que tanto amava. Ele deixa a mãe e os irmãos Caique e Cainã.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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