PMs da Rota percorreram 20 km com policial civil baleado e em estado grave até Hospital das Clínicas

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Agentes da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, tropa de elite da PM paulista) responsáveis pelo socorro a um policial civil baleado durante uma ação na favela do Fogaréu, no Capão Redondo, zona sul de São Paulo, percorreram cerca de 20 km com ele ferido e consciente até o Hospital das Clínicas, na zona oeste da cidade.

O caso aconteceu na última sexta (11). O investigador Rafael Moura da Silva, 38, chegou à unidade de saúde em estado grave e morreu nesta quarta (16). O autor dos disparos foi um sargento da Rota que participava da operação e ajudou no socorro. As informações são do boletim de ocorrência do caso.

A reportagem procurou a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) para perguntar porque o policial não foi levado para um hospital mais perto e se os PMs acionaram o Samu, o Corpo de Bombeiros ou o helicóptero Águia para fazer o resgate, como é praxe nesses casos.

O governo não respondeu a esses questionamentos e disse apenas que todas as circunstâncias relacionadas aos fatos são apuradas por meio de inquéritos instaurados pela Polícia Militar e pelo 37º Distrito Policial (Campo Limpo). "As investigações seguem com absoluto rigor e imparcialidade, a fim de esclarecer a dinâmica da ocorrência, bem como identificar eventuais responsabilidades".

De acordo com o boletim de ocorrência, Silva participava com outros policiais civis do 3° Cerco (Corpo Especial de Repressão ao Crime Organizado) da busca a um suspeito de latrocínio na favela quando encontrou os agentes da Rota.

Segundo o relato dos envolvidos, Silva e um outro policial civil entraram em um beco, enquanto outros dois investigadores faziam a cobertura. Metros a frente policiais da Rota chegaram no sentido oposto na viela.

O sargento Marcus Augusto Costa Mendes disse ter se deparado com um homem armado e sem identificação. Ele afirmou que por isso, atirou quatro vezes em Silva, que foi atingido no tórax. Os disparos pararam após gritos de "polícia" dados pelos investigadores.

Ferido, Silva passou a receber os primeiros atendimentos ainda no local, feito pelos próprios policiais da Rota.

Concluído os primeiros socorros, os policiais militares colocaram Silva na viatura e seguiram rumo ao Hospital das Clínicas.

O caso aconteceu por volta das 17h40 de uma sexta-feira, ou seja, durante o horário de pico em São Paulo. Enquanto Silva seguia para o Hospital das Clínicas, seu companheiro de trabalho Marcos Santos de Souza, 41, atingido de raspão na cintura na mesma ação, foi levado para o Hospital Municipal do Campo Limpo, a cerca de 3 km da rua onde aconteceram os disparos.

Silva, de acordo com o boletim de ocorrência, chegou consciente ao hospital, apesar de ter sido atingido por vários tiros de pistola calibre .40. Ele foi velado na Academia da Polícia Civil e sepultado nesta quinta (17).

O delegado Antonio Giovanni Almeida Neto, responsável pelo caso, considerou inicialmente que os PMs agiram em legítima defesa. Segundo a investigação, nenhum dos dois grupos sabia da presença do outro na favela.

Neto afirmou ter assistido as imagens das câmeras corporais dos policiais militares participaram da ação. Ele disse que os vídeos corroborou a versão apresentada pelo sargento.

Procurado, o Sintelpol (Sindicato dos Trabalhadores em Telemática Policial do Estado de São Paulo) disse por nota que, devido à complexidade da ocorrência, aguarda o desfecho do inquérito policial.

"A atuação de ambos, marcada por destemor, empatia e ausência de revide aos disparos, demonstra elevado espírito de serviço público", acrescentou a nota.

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