Dois policiais militares da capital foram presos pela Corregedoria na terça-feira (22) sob acusação de terem matado um jovem em situação de rua com tiros de fuzil, na região do Parque Dom Pedro 2°, na região central de São Paulo.
O coronel Emerson Massera, porta-voz da polícia, afirmou que os agentes mataram o homem mesmo depois de ele ter se rendido. Em relato no boletim de ocorrência, os PMs afirmaram que a vítima teria tentado pegar a arma de um deles, mas a versão foi desmentida por imagens das câmeras corporais, ainda segundo o coronel. Os nomes dos agentes não foram divulgados.
O caso ocorreu em 13 de junho, no viaduto 25 de Março. Segundo o registro, os agentes disseram que estavam em patrulhamento na região e estacionaram a viatura entre a rua da Figueira e o viaduto Antônio Nakashima, quando um morador de rua desceu de uma árvore.
Os militares disseram que pegaram os documentos e identificaram que Jeferson de Souza era procurado pela Justiça. Ao ser informado que seria levado à delegacia, segundo os militares, o homem reagiu e tentou tomar a arma de um deles. Os agentes, então, atiraram três vezes. Ele foi socorrido e morreu.
O caso foi investigado pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) e pela Corregedoria.
A corporação solicitou à Justiça a imediata prisão dos envolvidos, que foi decretada nesta terça, segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública).
"A Polícia Militar é uma instituição legalista e jamais compactuará com qualquer tipo de excesso ou desvio de conduta por parte de seus integrantes, que responderão com rigor às instâncias disciplinares e judiciais competentes", afirmou a pasta.
As imagens registradas pelas câmeras corporais foram incorporadas ao IPM (Inquérito Policial Militar) e estão à disposição das demais autoridades, acrescentou.
O coronel Massera disse à TV Globo que as gravações contrariam completamente a versão dos policiais.
"Inclusive, um dos policiais tenta obstruir a lente da câmera, talvez até para que não fosse filmado, mas acaba ficando uma parte descoberta e nós conseguimos perceber que a pessoa ali já estava tranquila, com as mãos para trás. Um morador de rua, inclusive, vinha conversando normalmente com os policiais quando, do nada, o tenente efetua três disparos de fuzil contra essa pessoa. Um disparo acertou a cabeça, outro acertou o tórax, e um terceiro acertou o braço direito desse homem", afirmou.
O porta-voz afirmou que o caso envergonha a corporação.
"É uma ocorrência sem nenhum tipo de respaldo jurídico, evidentemente, que nos envergonha muito. Se por um lado nós adotamos todas as providências e prendemos esses policiais, por outro, nos envergonha porque é uma atitude completamente equivocada e que viola todos os valores da instituição, especialmente o da legalidade", afirmou.