A Polícia Civil de Ilha Solteira (SP) encontrou fragmentos de ossos queimados no terreno do suspeito no caso da estudante Carmen de Oliveira Alves, 25, aluna da Unesp (Universidade Estadual Paulista) desaparecida há 36 dias.
O material foi encaminhado ao IML (Instituo Médico Legal) da cidade e foi coletada amostra genética da mãe da vítima para posterior análise de DNA.
"Primeiro, iremos verificar se são ossos humanos. Após, será extraído material genético para comparação com o material coletado com a genitora da vítima", explica o delegado responsável pelo caso, Miguel Rocha.
Durante esse processo, as buscas por Carmen continuam. A partir deste sábado (19), a polícia irá fazer uma nova varredura no entorno do imóvel de Yuri Amorim da Silva —namorado da estudante e principal suspeito. Agora, os trabalhos contarão com a ajuda de professores da Unesp, dentre eles um geólogo que deve fazer um mapeamento subsolo em busca de indícios, como a bicicleta desaparecida com a jovem ou eventualmente um cadáver.
Também neste fim de semana, a Marinha chega à cidade de Ilha Solteira para ajudar em buscas nos rios do município, a 660 quilômetros da capital paulista.
O que se sabe sobre o caso
Segundo a linha de investigação seguida pela polícia, Carmen de Oliveira Alves, desaparecida em 12 de junho, pode ter sido morta por ter feito um dossiê contra o namorado para tentar forçá-lo a assumir o relacionamento com ela, uma mulher trans.
Segundo o delegado Miguel Rocha, a estudante tinha em seu notebook um documento com uma lista de supostos crimes cometidos por Yuri naquela cidade. Entre os delitos, estariam roubos e furtos a uma usina.
"Acredito que ela estaria usando isso para forçar o Yuri a assumir o relacionamento", diz Rocha. "Segundo análise das testemunhas, sabemos que havia uma recusa dele em assumir. Isso motivou o crime."
Pessoas próximas a Carmen afirmam que o namorado teria vergonha de expor o relacionamento com a mulher por ela ser trans e sempre exigiu que o romance fosse mantido em segredo.
Na última semana, Yuri foi preso junto a outro suspeito, Roberto Carlos de Oliveira, policial militar aposentado que seria amante do homem. Em depoimento à polícia, ambos negaram participação no crime.
Eles eram defendidos pelo advogado Miguel Ângelo Micas até a manhã de sexta-feira passada (11), quando o profissional deixou de representar Yuri e passou a trabalhar apenas com Roberto.
A reportagem tenta contato com Micas, mas não foi atendida e deixou mensagens no WhatsApp, ainda não respondidas.