LONDRES, REINO UNIDO (UOL/FOLHAPRESS) - A esperada nova suspensão traseira da Ferrari vai chegar no próximo GP da Fórmula 1, semana que vem, na Bélgica. Trata-se de uma tentativa de cura para um problema que vem afetando Charles Leclerc e Lewis Hamilton desde os testes, e que chegou a resultar numa desclassificação ferrarista no GP da China, a segunda etapa do ano.
Foi ali que o dilema ficou bem claro: para o carro andar do jeito que foi projetado, ele tinha que ser configurado bem baixo e com a suspensão macia. Mas essa combinação fazia com que o assoalho batesse no solo, aumentando a instabilidade nas entradas de curva e, pior, desgastando demais a prancha que mede a altura legal do carro.
Desde que isso foi descoberto, eles tentaram vários acertos diferentes. Carro mais baixo com suspensão mais dura, carro mais alto com suspensão mais macia. Mas era tudo um paliativo que não permitia tirar tudo o que o carro pode dar, então foi tomada uma decisão ainda em abril de, mesmo em meio a o último ano de regulamento, refazer a suspensão traseira.
Esse trabalho acabou somente agora. Nesta quarta-feira, a Ferrari colocou seu novo carro na pista, usando sua cota de dias de filmagem para conseguir fazer um curto teste a fim de validar a novidade. Os dois pilotos usaram a novidade por poucas voltas, dentro de todas as limitações desse tipo de teste, e a equipe não divulgou detalhes.
Mas as fotos mostram que a suspensão que vai estrear na Bélgica é visivelmente diferente. Os pontos de fixação mudaram para tentar evitar os movimentos que estavam acontecendo em pontos de perda de pressão aerodinâmica. Em outras palavras, a ideia é conseguir manter a altura do carro mais estável para que ele possa ser acertado mais próximo ao solo com a suspensão macia.
Isso ajudaria o time a não ter tantos altos e baixos ao longo do fim de semana.
A Ferrari, quando se "comporta", é o segundo melhor carro do grid, mas não há uma consistência nessa performance nem durante um mesmo fim de semana. Principalmente as classificações são ruins e deixam Leclerc e Hamilton em uma condição mais difícil para buscar os resultados no domingo.
Mas as coisas começaram a mudar com o assoalho que estreou na Áustria e chegou a surpreender os ferraristas em termos de performance. Se a suspensão corrigir o problema da altura, eles terão um carro mais forte e estável para a segunda metade da temporada.
Eles não ganharam nenhuma corrida até o momento e Lewis Hamilton sequer subiu ao pódio de vermelho, mas a Ferrari é a segunda no Mundial de Construtores e também fez mais pontos que as rivais Mercedes e Red Bull nas últimas corridas. É claro que é pouco para um time que terminou o ano passado brigando pelo título com a McLaren e que contratou um heptacampeão do mundo, mas essa correção de rota pode ser um divisor de águas.
Tanto é, que o chefe da McLaren, Andrea Stella, disse recentemente que a Scuderia está no seu radar. "As novidades deles estão funcionando e eu diria que podemos ter uma segunda metade do campeonato interessante, especialmente com a Ferrari."