O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta quinta-feira (19) que sequer cogita a possibilidade de um atentado contra o líder supremo do Irã, Ali Khamenei. A declaração foi dada durante um encontro com agências internacionais no Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, conhecido como o “Davos russo”.
“Ouvi esses rumores, mas não quero nem comentar. Não quero sequer considerar essa possibilidade”, disse Putin, ao ser questionado sobre a hipótese de assassinato.
A escalada das tensões no Oriente Médio, especialmente entre Irã e Israel — ambos aliados estratégicos de Moscou —, dominou boa parte da fala do chefe do Kremlin. Putin se colocou à disposição para atuar como mediador e sugeriu um cessar-fogo imediato entre os dois países.
“É possível encontrar uma solução. Os interesses do Irã quanto à energia nuclear pacífica podem ser respeitados, ao mesmo tempo em que se atendem às preocupações de segurança de Israel”, declarou o presidente russo.
Segundo Putin, essa proposta foi comunicada ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e ao presidente iraniano, Masud Pezeshkian. No entanto, ele afirmou que Trump rejeitou a sugestão de mediação na conversa telefônica mais recente entre os dois líderes.
“Não estamos impondo nada. Apenas mostramos que há uma saída possível. Mas a decisão cabe a Irã e Israel”, pontuou.
Putin também negou que o Irã tenha solicitado apoio militar direto à Rússia, apesar do fornecimento prévio de drones Shahed por parte de Teerã nos primeiros anos da guerra na Ucrânia. “O Irã não nos pediu outro tipo de ajuda”, disse, lembrando que cerca de 250 técnicos russos continuam trabalhando na usina nuclear de Bushehr, no sul do Irã — empreendimento construído com apoio russo após o abandono do projeto por parte da Alemanha.
“Não saímos de lá. Isso já não é apoio?”, questionou, acrescentando que Israel garantiu a segurança dos engenheiros russos que atuam na instalação.
Putin também revelou que chegou a oferecer cooperação ao Irã no desenvolvimento de sistemas de defesa antiaérea, mas os iranianos não demonstraram interesse. Segundo ele, o acordo estratégico assinado este ano entre Rússia e Irã não inclui cláusulas de apoio militar — diferente do pacto firmado com a Coreia do Norte, que prevê assistência mútua em caso de agressão externa.
Por fim, o presidente russo alertou para os riscos de intensificação do conflito e voltou a defender que a via diplomática é o único caminho para evitar desastres maiores.
Escalada da tensão entre Israel e Irã
O conflito entre Israel e Irã ganhou um novo e alarmante capítulo nesta quinta-feira (19), quando um míssil iraniano atingiu diretamente o Hospital Soroka, localizado em Beersheba, no sul de Israel. O ataque, considerado um dos mais graves desde o início da nova escalada militar entre os dois países, deixou pelo menos 40 pessoas feridas — duas delas em estado grave — de acordo com os serviços de emergência israelenses.
A ofensiva iraniana foi interpretada como uma clara provocação ao governo israelense e à comunidade internacional, uma vez que o hospital atingido é uma das principais unidades médicas do país e símbolo de atendimento emergencial no sul de Israel. O bombardeio ocorre em meio a uma sucessão de ataques que já dura sete dias consecutivos, com mísseis sendo disparados por ambos os lados, em um confronto que tem como pano de fundo a crescente tensão em torno do programa nuclear iraniano.
Netanyahu promete retaliação severa
Em resposta ao ataque, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, usou as redes sociais para condenar o bombardeio e prometeu represálias contundentes. “Os tiranos terroristas do Irã lançaram mísseis contra o Hospital Soroka, em Beersheba, e contra civis no centro do país. Cobraremos o preço total dos tiranos de Teerã”, escreveu em uma publicação no X (antigo Twitter).
A fala de Netanyahu reflete a crescente pressão interna sobre o governo israelense para agir com firmeza diante da intensificação dos ataques iranianos, que agora atingem diretamente civis e instituições médicas. O premiê classificou os autores do ataque como "tiranos terroristas", reforçando a retórica de guerra que vem pautando as declarações do governo israelense nos últimos dias.
Israel bombardeia novamente Teerã e pede evacuação de cidades iranianas
Poucas horas antes do ataque ao hospital, as Forças de Defesa de Israel (FDI) já haviam iniciado uma nova onda de bombardeios contra a capital do Irã, Teerã, e outras regiões estratégicas do país. Os ataques começaram por volta das 22h07 (horário de Brasília) e seguiram o mesmo padrão das últimas noites, com alvos militares e nucleares sendo visados.
Veículos de imprensa como a rede Al Jazeera, do Catar, e a iraniana Press TV confirmaram explosões em Teerã e na cidade de Karaj. A ofensiva israelense mira especificamente instalações militares e locais ligados ao programa nuclear iraniano. Próximo à cidade de Arak, por exemplo, está localizado um dos mais importantes reatores nucleares de água pesada do Irã.
O porta-voz do Exército israelense para a imprensa árabe, Avichay Adraee, chegou a publicar uma mensagem no X pedindo que moradores de Arak e Khandab — cidades situadas a cerca de 300 quilômetros de Teerã — deixassem a região imediatamente. “Cidadãos, para sua segurança, pedimos que abandonem as áreas designadas nas cidades de Arak e Khandab”, alertou.
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