Rocha rica em minerais pode explicar por que Marte é desértico e inabitável

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Por que Marte é desértico e inabitável? Um estudo publicado nesta quinta-feira (3) na revista Nature sugere que, apesar da existência esporádica de alguns rios, o planeta vermelho estava condenado a permanecer desértico.

Considera-se que Marte reúne todos os ingredientes para a vida, exceto água líquida, talvez o mais importante. Sua superfície vermelha possui traços de antigos rios e lagos, indicando que a água já fluiu em sua superfície.

Neste ano, o rover Curiosity, da Nasa, encontrou uma peça que faltava no quebra-cabeça: rochas ricas em minerais de carbonato.

Esses carbonatos, semelhantes ao calcário encontrado na Terra, são como esponjas de dióxido de carbono, capturados na atmosfera e presos na rocha.

O novo estudo modelou com precisão como essas rochas podem mudar nossa compreensão do passado marciano.

O principal autor da pesquisa, Edwin Kite, cientista da Universidade de Chicago e membro da equipe do Curiosity, disse à AFP que aparentemente havia "vislumbres de habitabilidade" em determinados momentos e lugares no planeta vermelho. Mas esses "oásis" efêmeros eram a exceção, não a regra.

Na Terra, o dióxido de carbono na atmosfera aquece o planeta e, durante longos períodos de tempo, o carbono fica preso nas rochas com minerais de carbonato.

Em seguida, as erupções vulcânicas liberam o gás de volta à atmosfera, criando um ciclo climático equilibrado que permite a existência contínua da água.

No entanto, Marte apresenta uma taxa fraca de emissões vulcânicas em comparação com o nosso planeta, segundo Kite. Isso rompe o equilíbrio e deixa o planeta vermelho muito mais frio e menos habitável.

De acordo com a pesquisa, os breves períodos de água líquida em Marte foram seguidos por 100 milhões de anos de deserto estéril, tempo demais para que qualquer coisa pudesse sobreviver.

É possível que existam bolsões de água líquida no subsolo marciano e que ainda não tenham sido encontrados, segundo Kite.

O rover Perseverance, também da Nasa, pousou em um antigo delta marciano em 2021. O veículo também encontrou sinais de carbonatos na margem de um lago seco.

Porém, para ter a prova mais clara dessa história, será necessário trazer amostras de rocha da superfície marciana de volta à Terra para estudo, o que os Estados Unidos e a China pretendem fazer na próxima década.

Estamos sozinhos?

O que os cientistas procuram é uma resposta para uma pergunta-chave: a Terra é o único planeta que tem vida?

Desde o início da década de 1990, astrônomos descobriram cerca de 6.000 planetas fora do nosso Sistema Solar, mas todos estão muito distantes para que humanos consigam coletar amostras neles.

Se for determinado que Marte nunca teve microrganismos durante seus períodos com água, isso seria uma indicação de que é difícil que a vida surja em outro lugar do Universo.

Mas, se forem encontradas evidências de vida antiga, isso "basicamente nos diria que a origem da vida é fácil em uma escala planetária", segundo Kite.

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