Uma mulher de 20 anos, grávida de dois meses, voltava para casa do trabalho, na garupa da moto do namorado, quando um carro bateu contra eles. A motorista do automóvel alegou à polícia não ter visto o casal à frente na madrugada da última terça-feira (15), na rodovia Dom Gabriel Paulino Couto, em Cabreúva (SP).
A jovem foi socorrida e morreu. Casos como esses, de motociclistas mortos no trânsito paulista, cresceram no primeiro semestre deste ano, na comparação com os primeiros seis meses de 2024. Essa estatística vai na contramão da estagnação no total de ocorrências no período, que também envolvem acidentes com outros veículos, pedestres e bicicletas.
Dados do Infosiga, sistema estadual que mede a violência no trânsito, divulgados nesta quinta-feira (17), mostram que no acumulado do ano, 1.329 pessoas morreram em sinistros envolvendo motocicletas, contra 1.259 nos seis primeiros meses de 2024 —alta de 5,6%. O número é o maior para um primeiro semestre desde 2015, quando começou a série histórica.
Quando se compara os meses de junho dos dois anos, a alta é ainda maior, de 6,8% —o número de óbitos no total do estado passou de 221 para 236.
Casos envolvendo motociclistas foram um dos focos de campanha do Detran-SP, responsável pelo Infosiga, no último maio amarelo, mês de conscientização sobre mortes no trânsito.
Em um dos vídeos do Departamento de Trânsito paulista, um homem pega o capacete, se despede da mulher grávida e se sai para o trabalho. A imagem segue para um velocímetro subindo, em meio a ultrapassagens perigosas pelo corredor. De repente, a tela fica preta. Na sequência, a mulher aparece em casa esperando o marido, que morreu, ao lado de um carrinho de bebê.
No geral, envolvendo todos os acidentes, a letalidade no trânsito em São Paulo estagnou, na comparação entre os dois primeiros semestres.
No acumulado do ano, 3.016 pessoas morreram em sinistros nas ruas, avenidas e estradas de São Paulo. Ocorreu apenas uma morte a mais que os 3.015 casos do primeiro semestre de 2024.
Na comparação entre os meses de junho dos dois anos, entretanto, houve queda de 8,3% —564 para 517, respectivamente.
Já o número de óbitos por atropelamento registrou retração de 5,9%, com 659 pedestres mortos em 2025 contra 700 no período anterior. Quando se compara os dois meses de junho, o percentual de queda dispara. Foram atuais 108 casos contra 148, ou seja, 27% a menos.
A cidade de São Paulo, que em maio havia registrado aumento no número de motociclistas mortos, teve queda nessa estatística, tanto na comparação entre os semestres quanto entre os meses de junho.
Conforme o Infosiga, no acumulado de 2025, foram 219 mortes contra 237 nos seis primeiros meses do ano anterior, ou seja, 7,6% a menos.
Na comparação entre junho de 2024 e o deste ano, a redução foi de 12,5% —42 motociclistas perderam a vida no último mês na capital paulista contra 48 no ano passado. Mesmo assim, na média, o município registra ao menos uma morte de quem estava de moto todos os dias.
Em janeiro, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) comparou as estatísticas de mortes em acidentes com motos na cidade às de homicídios.
No geral, o município de São Paulo teve queda de 7,6% no número de mortos na comparação entre os semestres e de 3,6% entre os dois últimos meses de junho.
Se no acumulado do ano houve menos vítimas fatais em acidentes com automóveis (16,4% a menos), o mês passado foi violento na cidade com esse tipo de veículo. De acordo com o Infosiga, foram 14 mortes de quem estava em carros, contra 8 em junho de 2024, uma alta de 75%.
A capital paulista teve menos sinistros de trânsito com vítimas entre os semestres comparados. A queda foi de 11,5% (de 15.169 casos para 13.365).
Na região metropolitana de São Paulo, a maior disparada na letalidade foi em São Bernardo do Campo. Conforme as estatísticas do Infosiga, foram 66 mortes no município do ABC contra 47 no primeiro semestre do ano passado, um aumento de 40,4%.
Também registraram alta Santo André, Osasco, Mauá, Carapicuíba, Taboão da Serra, Embu das Artes, Franco da Rocha e Caieiras.
Franco da Rocha tem o maior índice de mortes por 100 mil habitantes, de 10,6. No geral do estado de São Paulo, o indicador é 6,6 e na capital, 4.