Vishwash Kumar Ramesh, o único sobrevivente da queda de um avião em Ahmedabad, na Índia, no último mês de junho, “sente-se culpado” e “não consegue dormir à noite”, uma vez que “sonha que está no voo”.
Ramesh, de 40 anos, estava no assento 11A, perto da saída de emergência, por onde conseguiu escapar, após o desastre. O homem, que foi filmado caminhando pela rua com a roupa manchada de sangue e hematomas no corpo, tem tido dificuldade em aceitar que foi o único a sobreviver.
“Não consegue dormir à noite. Dorme, mas não dorme bem. Quando dorme, sonha que está no voo. Se lembra de ver todo mundo morrendo à frente dos seus olhos", contou Krunal Keshave, de 24 anos, ao The Sunday Times.
Este membro da família, que chama Kumar Ramesh de tio, relatou ainda que o “homem milagre” optou por permanecer na Índia para se recuperar, na aldeia de Bucharwada, em Diu, em vez de regressar à sua casa, em Londres, ou à casa da sua família, em Leicester, no Reino Unido.
Corte de combustível causou queda da Air India: quem desligou os motores?
Relatório preliminar aponta que os botões de corte de combustível foram acionados durante a decolagem, desligando os motores. No áudio da cabine, um piloto questiona o outro sobre o ato. Familiares das vítimas disseram à CNN americana que esperam justiça pelas 260 mortes no acidente
Notícias ao Minuto | 08:54 - 12/07/2025
“Ele vê-o [Ajay] em todo o lado. Ele fala, mas não fala sobre o acidente. A mulher e o filho [que tem quatro anos] estão lá com ele, dando apoio. Atualmente, ele está tentando ter uma vida normal, mas não sai muito. Passa o tempo em casa com a família. Estava vivendo na casa em Diu com o irmão antes do acidente", disse.
Um outro familiar complementou: "Sente-se culpado por ter sido o único a sobreviver quando todos os outros, incluindo o irmão, morreram. É muito difícil viver com isso."
Vale lembrar que Ajay, de 35 anos, seguia no lado oposto a Kumar Ramesh, sendo um dos 268 mortos registrados na tragédia. Nos últimos três anos, os irmãos vivam na Índia durante a época de pesca, que começa em setembro e termina em maio, pouco antes do início da estação das monções. Regressavam ao Reino Unido no dia do acidente, depois de terem reservado as passagens uma semana antes do voo.
Uma investigação preliminar do Gabinete de Investigação de Acidentes com Aeronaves (AAIB) da Índia, publicada no início deste mês, revelou que ocorreu uma confusão entre os dois pilotos, com um perguntando por que razão tinha mexido nos interruptores de combustível e o outro negando ter feito.
As autoridades norte-americanas acreditam que o comandante, Sumeet Sabharwal, de 56 anos, foi o responsável pelo corte do combustível do avião pouco depois da decolagem, segundo um relatório do Wall Street Journal. Já o copiloto, Clive Kunder, de 32 anos, pilotava o avião, enquanto Sabharwal controlava cada passo.
Mais de 20 famílias intentaram uma ação judicial contra a Air India no Supremo Tribunal, como forma de forçar a divulgação dos arquivos pessoais dos pilotos e de outros documentos.
O Boeing 787 Dreamliner caiu minutos depois da decolagem do aeroporto internacional da cidade de Ahmedabad, no noroeste do país, com destino a Londres Gatwick.
O acidente provocou a morte de 268 pessoas, 27 das quais nos edifícios em que bateu antes de se incendiar. No total, avião transportava 230 passageiros - sete portugueses, 169 indianos, 53 britânicos e um canadiano - e 12 tripulantes.
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