Em caso raro, hipopótamo passa por tratamento de canal em SP; veja vídeo

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A rotina do Bosque dos Jequitibás em Campinas, interior de São Paulo, foi modificada nessa segunda-feira (14) por um exército de profissionais. Eles estavam ali para cuidar da saúde bucal do Dinho, um hipopótamo que necessitava de tratamento de canal.

Segundo os responsáveis, devido a complexidade, o tratamento odontológico em hipopótamos é um procedimento raro, sendo o segundo ou terceiro atendimento do tipo realizado no Brasil.

"Existem poucos relatos em hipopótamos tanto de anestesia como de tratamento dentário. Com diferentes equipes, na minha experiência, esse é o nono animal que passa por esse tipo de procedimento [no mundo]", afirmou Roberto Fecchio, veterinário especializado em odontologia de animais selvagens.

"Nós já fizemos esse tipo de procedimento na Colômbia, México, Estados Unidos e África", disse.

A médica veterinária do Bosque dos Jequitibás, Gabriela Figueiredo, disse que a equipe do parque foi essencial para a identificação do problema no hipopótamo.

"Nós notamos que o Dinho estava um pouco mais quietinho, um pouco diferente e não querendo comer, e que já havia uma exposição de polpa dentária de dois dentes", explicou. "A partir daí, começou nosso trabalho para encontrar uma equipe que pudesse fazer o melhor pelo Dinho, que é tão querido por todos aqui."

Entre a aplicação da anestesia até o tratamento de canal dos dois dentes foram cerca de duas horas de procedimento.

"Esse hipopótamo estava precisando de um tratamento odontológico depois que a parte interna do seu dente ficou exposta. Para realizarmos o canal em dois dentes trouxemos uma equipe com cinco especialistas em odontologia, quatro especialistas em anestesia, além de especialistas em manejo clínico e a equipe do zoológico do Bosque, praticamente um exército dos melhores profissionais para oferecer o que há de melhor no tratamento do Dinho", disse Fecchio.

"O tratamento em hipopótamos é um pouquinho diferente do que a gente está acostumado em cães e gatos porque esses dentes crescem por toda a vida. Assim como o marfim nos elefantes, os incisivos e os caninos dos hipopótamos têm crescimento contínuo. Então, o tratamento do canal envolve remover parte dessa infecção, parte da polpa dentária, que chamamos de pulpectomia, mantendo, preservando o tecido germinativo, uma parte viva da polpa, que vai manter o crescimento desse dente ao longo da vida", explicou o veterinário.

Segundo o especialista, algumas pessoas da equipe já tinham experiência com hipopótamos, o que possibilitou realizar o procedimento, incluindo a anestesia, sem qualquer intercorrência.

O animal ficou 24 horas isolado, sem acesso ao tanque, até a normalização de todos os reflexos e da consciência.

"Esse é o primeiro estágio da recuperação. Depois ele já volta a uma adaptação alimentar para retomar a alimentação normal. Acredito que entre três e cinco dias ele já esteja comendo normal", explicou o veterinário. "Depois de um período de cerca de dez dias para terminar os medicamentos do pós-operatório, Dinho estará liberado."

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