Sindicato de delegados diz que morte de policial revela 'falhas graves' na segurança pública de SP

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O Sindpesp (Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo) afirmou que a morte do policial civil Rafael Moura da Silva, 38, por um sargento da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, tropa de elite da PM paulista) não é um caso isolado e que o "trágico episódio revela uma política de segurança pública com falhas graves e que coloca em risco seus próprios agentes, inclusive, com consequências fatais".

O trecho faz parte de nota emitida pelo sindicato na tarde desta sexta-feira (18).

De acordo com o boletim de ocorrência, no último dia 11, Silva participava com outros policiais civis do 3° Cerco (Corpo Especial de Repressão ao Crime Organizado) da busca a um suspeito de latrocínio favela do Fogaréu, no Capão Redondo, zona sul de São Paulo, quando encontrou os agentes da Rota.

Segundo o relato dos envolvidos, o investigador e um outro policial civil entraram em um beco, enquanto outros dois investigadores faziam a cobertura. Metros à frente policiais da Rota chegaram no sentido oposto na viela.

O sargento Marcus Augusto Costa Mendes disse ter se deparado com um homem armado e sem identificação. Ele afirmou que, por isso, atirou quatro vezes em Silva, que foi atingido no tórax. Os disparos pararam após gritos de "polícia" dos investigadores.

Como mostrou a Folha, agentes da Rota responsáveis pelo socorro ao policial civil, percorreram cerca de 20 km com ele ferido e consciente até o Hospital das Clínicas, na zona oeste da cidade.

O outro policial também foi baleado, mas não corre risco.

Na quinta-feira (17), a Secretaria da Segurança Pública disse que todas as circunstâncias relacionadas aos fatos são apuradas por meio de inquéritos instaurados pela Polícia Militar e pelo 37º Distrito Policial (Campo Limpo). "As investigações seguem com absoluto rigor e imparcialidade, a fim de esclarecer a dinâmica da ocorrência, bem como identificar eventuais responsabilidades".

Na nota de repúdio desta sexta-feira, a vice-presidente do Sindpesp, delegada Márcia Gomes Shertzman, afirmou que a "tragédia evidencia falha estrutural grave na política de Segurança Pública de São Paulo". E que precisa ser enfrentada com responsabilidade e urgência.

O texto diz ainda que uma sucessão de fatores vem contribuindo para "uma fratura exposta entre as instituições policiais bandeirantes, não de hoje".

"A ausência de protocolos operacionais unificados, o descaso com a cooperação institucional entre a Polícia Civil —que é a Polícia Judiciária— e a PM, somados à adoção de medidas que, sistematicamente, desvalorizam os policiais civis, têm gerado falhas graves —com consequências fatais, como a perda irreparável de um servidor público em pleno exercício do dever", afirmou a delegada na nota.

Para ela, segurança pública deve ser tratada como uma política de Estado, e não como instrumento de poder. "Delegados e demais policiais civis exigem respeito institucional, valorização profissional e condições adequadas para o exercício de suas funções com segurança, dignidade e autonomia. Conclamamos o governo de São Paulo a adotar medidas concretas e eficazes para evitar que tragédias como essa se repitam."

A entidade defende, por exemplo, a inclusão, na Lei Orgânica da Polícia Civil, de dispositivos que reconheçam e valorizem os policiais civis. "O povo paulista merece uma segurança pública eficiente, integrada e profissional, e não um sistema desarticulado e conflituoso, que coloca em risco seus próprios agentes."

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