Emojis tornam mensagens mais positivas e sinalizam proximidade

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O que você sente quando recebe um emoji de alguém? Depende de qual é o símbolo, evidentemente —se é de um coração vermelho, de um sorriso, ou de um gesto com as mãos juntas, por exemplo. O que um estudo publicado no último dia 2, pela Universidade do Texas em Austin, nos Estados Unidos, concluiu é que há emoções que todas as pessoas compartilham ao ver esses sinais modernos acompanhando uma mensagem no celular: maior proximidade e abertura com o remetente.

"Os emojis adicionam uma camada de expressão emocional ao que seria de outra maneira um texto plano. Psicologicamente, atuam como pistas não verbais, similar às expressões faciais e gestos das interações face a face", afirma a cientista da computação Eun Sally Huh, cujo doutorado no campo da filosofia foi acerca do tema. Ela é autora da nova pesquisa.

No estudo, publicado no jornal científico PLOS One, Sally pediu a 260 participantes, com idades entre 23 e 67 anos, que lessem dezenas de diferentes mensagens de texto, algumas acompanhadas por emojis e outras, não. Depois disso, deveriam responder a perguntas que avaliavam como eram suas percepções sobre os prováveis remetentes.

Mensagens com emojis foram vistas por quem as recebia como mais receptivas, afáveis, próximas e satisfatórias, em comparação com as que não os continham. "Quando alguém usa emojis, esses símbolos costumam sinalizar intenções calorosas, amigáveis e positivas", resume a autora do estudo.

E quando entendem errado?

Um estudo publicado em 2019 por pesquisadores da Universidade da China, em Pequim, apresentou um panorama das pesquisas sobre emojis realizadas nas duas décadas anteriores. A partir da análise de 167 artigos científicos, observou-se que há um crescente interesse pelo tema na comunidade acadêmica desde 2015.

O texto "Um Review Sistemático do Emoji" avalia que as pesquisas vinham se concentrando nas funções pragmáticas desses símbolos contemporâneos que medeiam relações.

Os autores explicam que a ciência tem visto os emojis como forma de "emular respostas neurais da comunicação face a face (...) aumentando a atração da mensagem (...) ajudando os usuários a ajustar o tom e o gerenciamento de conversas (...) tornando mais fácil para pessoas que não falam inglês usarem redes sociais dominadas pelo inglês, como o Twitter [hoje, X], o Instagram, o Facebook".

"A maioria das pesquisas foca esse papel funcional, como em como emojis esclarecem significados e reduzem ambiguidade", comenta a cientista da computação Sally Huh. "Só que emojis fazem mais do que nos ajudar a ‘ir direto ao ponto’, eles moldam como nos sentimos uns com os outros."

Todavia, a historiografia dos estudos do tema cogitam também outra possibilidade. Falhas na interpretação do significado de um emoji tendem a criar ruídos que seriam evitáveis em comunicações tête-à-tête.

Escrevem os autores do levantamento da Universidade da China: "O uso de emojis trazem ambiguidades na interpretação, resultando em ineficiência. Apesar de um emoji ser visualmente igual, sua interpretação é influenciada pelo contexto cultural".

Por exemplo, um emoji de mãos coladas pode ser entendido tanto como uma pessoa batendo palmas quanto como alguém rezando; um coração preto é visto como sinal de luto em um contexto, assim como em outro é interpretado como um símbolo de uma relação profunda.

"Isso pode gerar confusões e sentimentos negativos não intencionais, causando desentendimentos e potencialmente afetando a sensação de proximidade que se tem com a outra pessoa", diz Sally Huh.

Smiley, emoticons e emojis

Antes do emoji, vieram os emoticons e o smiley. Emoticons são pontuações que digitamos no teclado para emular expressões, principalmente as de nossos rostos –dois exemplos são ;) e :( –, sendo que os primeiros registros de uso na computação datam da década de 1980.

Antes ainda dos emoticons, veio o smiley, a face amarela com o sorriso no rosto que apareceu de forma simultânea em várias culturas e se popularizou principalmente a partir dos anos 1960, tornando-se ícone da contracultura e, depois, parte do mainstream. A ideia do smiley inspirou a adoção dos emoticons na troca de mensagens por computadores, principalmente nos primeiros sites do tipo, nas décadas de 1980 e 1990.

O pioneiro conjunto de emojis para uso em computação surgiu no Japão em 1997, com inspiração nos pictogramas dos idiomas asiáticos, quando o conglomerado de telecomunicações SoftBank lançou um celular que continha esses símbolos em preto e branco.

O uso começou a se espalhar dois anos depois quando o designer Shigetaka Kurita criou para a fabricante Docomo um set de 176 emojis coloridos que até hoje são a base dessa forma de linguagem contemporânea que, no Ocidente, foi popularizada pela norte-americana Apple (que a adotou em seus aparelhos no ano de 2018).

E será que é exagerado chamar os emojis de um novo idioma?

"A maioria dos acadêmicos não os classifica como uma linguagem totalmente independente, mas eles funcionam como um poderoso sistema paralinguístico, similar a gestos", comenta Sally Huh, a autora do novo estudo da Universidade do Texas em Austin.

"Mas alguns argumentam que representam uma linguagem pictórica ou um dialeto visual emergente."

Estima-se que 10 bilhões de emojis circulem diariamente pela esfera digital, e que 8 em cada 10 pessoas que usam redes sociais e trocam mensagens online tenham recorrido a eles em algum momento. Tornaram-se parte do idioma online e, pelo o que indica a pesquisa de Sally Hu, uma maneira de deixar as comunicações a distância menos, digamos assim, distantes.

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