Imagens mais próximas já feitas do Sol mostram erupções em detalhes inéditos

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Cientistas divulgaram as imagens mais próximas já capturadas do Sol, registradas pela sonda Solar Parker, da Nasa, a 6,1 milhões de quilômetros da superfície solar. Com detalhes sem precedentes, elas revelam como partículas ionizadas superaquecidas viajam pelo espaço, fornecendo informações que podem ajudar a melhorar as previsões de tempestades solares em direção à Terra.

As imagens, capturadas em dezembro e divulgadas na semana passada, mostram três erupções se combinando após ocorrerem em rápida sucessão. Essas erupções, conhecidas como ejeções de massa coronal, são grandes nuvens de partículas solares e plasma com campos magnéticos incorporados —captadas como explosões mais brilhantes nas imagens. Uma grande nuvem lidera o grupo, seguida logo depois por duas ejeções menores que a alcançam.

"Esses sucessivos eventos vindos do Sol são, na verdade, a maior ameaça à Terra em termos de clima espacial", disse o cientista do projeto Nour Rawafi, do Laboratório de Física Aplicada Johns Hopkins, que construiu e opera a espaçonave. Clima espacial refere-se à atividade solar, como erupções que podem ter repercussões no nosso planeta, às vezes causando auroras ou interferindo no funcionamento de equipamentos.

Quando tais ejeções se combinam, isso pode levar a uma poderosa tempestade geomagnética na Terra. A ejeção inicial limpa o caminho das partículas, permitindo que as erupções subsequentes se movam mais rapidamente e percam menos energia, segundo Rawafi.

Em maio de 2024, um evento de múltiplas erupções resultou na observação de auroras em locais onde são incom uns e derrubou comunicações de alguns satélites comerciais.

Anteriormente, cientistas viram apenas indícios dessas ejeções se combinando, mas Rawafi disse que a sonda Solar Parker está "basicamente oferecendo um lugar na primeira fila para ver isso acontecendo".

Mas, conforme essas ejeções colidem, permanece uma questão: elas se combinam magneticamente ou se fundem como fluidos? Mais dados da sonda podem ajudar a responder a esta e a outras questões semelhantes.

As novas fotos mostram ainda outro aspecto intrigante do Sol: o vento solar, que é um fluxo constante de partículas carregadas emitidas pela estrela. Juntamente com as ejeções, ele também pode causar fortes tempestades geomagnéticas na Terra.

Especificamente, as imagens mostram o vento solar logo após ser liberado da camada mais externa do Sol, chamada de coroa. Uma parte do vento solar é a folha de corrente heliosférica, que se projeta do Sol como uma saia rodopiante. É uma fronteira invisível que delimita onde a direção do campo magnético da estrela muda de norte para sul. Ela está sempre presente, embora às vezes possa mudar de forma e localização.

Nas imagens, a camada de corrente heliosférica pode ser vista de forma mais clara e brilhante do que outras partes do vento solar. Outras imagens mostravam a camada de corrente apenas como um raio brilhante.

Porém, conforme a sonda Solar Parker se aproximou e até mesmo atravessou a camada, ela revelou as estruturas que formavam a camada.

O fluxo de partículas carregadas pode desacelerar uma erupção solar direcionada à Terra. Mas ele pode ser interrompido por uma grande erupção solar, razão pela qual eventos de múltiplas erupções podem ser particularmente poderosos.

"Compreender o vento solar de fundo nos ajudará a prever quando esses eventos chegarão à Terra, quão fortes serão e qual é a provável atividade que impulsionará na atmosfera da Terra", explicou Rawafi.

As imagens foram coletadas quando a sonda Solar Parker fez sua aproximação mais próxima do sol em 24 de dezembro. A 6,1 milhões de quilômetros de distância, ela voou através da atmosfera solar a 692 mil km por hora —uma velocidade recorde para qualquer objeto feito pelo homem.

Após aproximadamente dois dias, a sonda enviou um sinal de volta à Terra e indicou que não apenas sobreviveu à jornada histórica mas estava operando normalmente. A câmera a bordo coletou diversas fotos que ainda serão divulgadas.

A Solar Parker está em sua jornada ao sol desde 2018, tirando fotos ao longo do caminho. Quando cruzou a corona do Sol a aproximadamente 13 milhões de quilômetros de distância em 2021, os cientistas notaram que o limite da corona era mais complexo. Mas nenhuma imagem anterior rivaliza com o detalhe das fotos tiradas tão próximas ao Sol.

A sonda fará mais passagens a partir de 6,1 milhões de qulômetros conforme for possível, coletando mais dados de alta qualidade.

Os cientistas, segundo Rawafi, ficaram impressionados com o que viram na prévia de algumas imagens.

"São realmente as dinâmicas complexas que capturam a imaginação das pessoas. Investimos tanto tempo e tanto esforço, geração após geração, nisso. Mas, quando você vê o que estamos obtendo em troca, tudo vale a pena."

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