Mortes: Radialista e fã de rock, era famoso por tocar samba e black music

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O vozeirão de bom dia não despertou os ouvintes do programa de black music no fim da madrugada do último dia 17 de junho.

Carlos Fabiano Olivato começou no rádio no fim da década de 1980, na função de operador de áudio, mas não demoraria para se tornar referência como apresentador de programas populares em uma faixa que vai de Jundiaí, no interior de São Paulo, à zona leste da capital paulista, onde sua audiência era grande.

Antes de ficar à frente do microfone, entre outros, trabalhou como operador das narrações esportivas do lendário Osmar Santos na rádio Globo. Também passou por emissoras como Manchete e rádio X FM (cuja frequência hoje é usada pela CBN).

Ainda chegou à TV Bandeirantes, onde atuou, entre outros, com Otávio Mesquita —era responsável por colocar efeitos especiais nas falas do apresentador.

Mas foi na 105 FM, seu último trabalho, que Olivato decolou de vez. Antes da pandemia, por exemplo, fez dupla de sucesso com a radialista Sandra Groth, que lamentou a sua morte em rede social.

"O Fafá era uma pessoa gentil, que sempre interagiu com os ouvintes", diz o apresentador e parceiro de rádio Paulo Maurício de Oliveira, 54, o Paulinho Maurício.

Minucioso no trabalho, era voz dos comerciais e das chamadas do futebol da 105.

Referência em programação de samba, reggae, rap e a black music, às sextas-feiras costumava vestir camiseta preta de bandas de rock para ir trabalhar. O radialista era fã do grupo inglês Queen. "Ele se emocionou quando lhe dei um LP da minha coleção de vinis", lembra o colega.

Também gostava de aviões, a ponto de monitorar voos em sites de rastreamento de aeronaves e canais especializados na internet. Mas tinha medo de voar.

"Quando a gente desembarcava em alguma viagem, ele já começava a ficar ansioso com a volta", lembra a funcionária pública Anabel Ercolin Carvalho Olivato, 53, com quem era casado.

Brincalhão, imitava o apresentador Sílvio Santos e o personagem do desenho Bob Esponja.

"Apesar daquele tamanho [tinha 1,97 m de altura], era um menino", afirma a mulher.

Pai coruja, Olivato deixou o trabalho na televisão, que conciliava com o rádio, quando o primeiro filho nasceu, pois queria ter mais tempo com o bebê.

Se tinha receio de voar, sentia-se firme sobre duas rodas, mas foi em cima de uma moto que teve um mal súbito e caiu, quando voltava para casa em Jundiaí.

Carlos Fabiano Olivato morreu em 16 de junho, aos 51 anos. A primeira hora de seu programa do dia seguinte, o Panela 105, teve apenas músicas. Só depois os colegas de rádio tiveram coragem de contar aos ouvintes sobre sua morte. A voz que despertava ou ajudava a passar o tempo de quem estava parado no trânsito não falou naquele dia.

Deixa a mulher, Anabel, e os filhos Carlos Henrique, 23, e Fabiana, 18.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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