Peixes fluorescentes surgiram há pelo menos 112 milhões de anos, diz estudo

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Existem evidências de que a fluorescência em peixes surgiu há pelo menos 112 milhões de anos. Pesquisadores do Museu Americano de História Natural, em Nova York (Estados Unidos), detalharam em dois artigos, um publicado na revista Nature Communications e outro na Plos One, aspectos da biofluorescência nos teleósteos, grupo mais diverso de peixes, com cerca de 35 mil espécies.

Dos 112 milhões de anos até hoje, a fluorescência nos teleósteos já evoluiu mais de cem vezes, calcula o estudo da Nature. Isso pode indicar que a fluorescência é um importante fenômeno evolutivo no grupo.

Mas, segundo o artigo, ainda não está claro quanto essa característica exerce um papel biológico. Entre os peixes marinhos, a fluorescência pode estar associada a camuflagem, comunicação, identificação de espécies, cruzamento e atração de presas.

Na fluorescência, o material ou o organismo absorve a luz e a emite, com uma onda de comprimento maior e menos energética. Essa característica ocorre em ao menos 460 espécies que vivem nos mais diferentes ambientes, desde o mar profundo até zonas entre marés.

A fluorescência se espalhou entre diferentes teleósteos, com distribuição entre 87 famílias e 34 ordens. O artigo na Nature compila as espécies de teleósteos que a ciência já sabe que contam com fluorescência, somando 413 peixes, e aponta que mais 48 espécies também têm esse mecanismo.

Mas há maior prevalência dessa característica em espécies de teleósteos perto de recifes de corais, que costumam ficar em águas rasas com luz solar. Como consequência, os peixes de recife de corais têm maior acesso à luz para emitir luzes fluorescentes. Das 479 espécies de peixes associadas a corais observadas pela pesquisa, 196 são fluorescentes.

Para o professor do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) André Luiz Netto-Ferreira, a fluorescência de peixes nos recifes de corais pode ser uma forma que as espécies encontraram de se destacar em meio ao colorido do ambiente para encontrar parceiros para reprodução.

Ele afirma que os artigos são uma fundação, uma base para outros estudos que tratem da fluorescência por concentrarem informação e servirem como uma forma de repositório. "A partir de agora, quem quiser trabalhar com fluorescência de peixe, esses dois trabalhos vão ser a base para começarem a formular perguntas."

O docente ressalta, porém, que as pesquisas apresentam limitações, uma vez que restringiram o campo de pesquisa aos peixes teleósteos e deixaram de fora, por exemplo, os tubarões, cujo grupo também conta com espécies fluorescentes.

Nos peixes marinhos, as duas cores visíveis mais comuns na fluorescência são o verde e o vermelho. Os pesquisadores apresentaram evidências de que a luz verde evoluiu primeiro e no grupo das enguias. O vermelho veio depois e surgiu primeiro na ordem Syngnathiformes, da qual fazem parte os cavalos-marinhos. Apesar de ter vindo depois, o vermelho se espalhou mais do que verde.

A fluorescência não é apenas diversa em relação à quantidade de espécies de peixes em que ela se apresenta, como também nas emissões de comprimento de ondas e nas partes do corpo do animal em que se manifesta. Os resultados publicados no periódico Plos One revelam que essa diversidade da fluorescência é maior do que se pensava.

Isso permite que diferentes padrões de fluorescência surjam entre os indivíduos. De acordo com os autores, essa grande variação pode significar um sistema de sinalização elaborado a partir de emissões fluorescentes.

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