Policial disse que homem morto em Paraisópolis tentou sacar arma e omitiu que ele tinha se rendido

1 week ago 9

O policial militar que matou uma pessoa durante ação na favela de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, omitiu a rendição e afirmou em boletim de ocorrência que o homem sacou a arma que carregava na cintura e que, por isso, efetuou os disparos.

Imagens da câmera corporal do policial, porém, desmentem essa versão, de acordo com pessoas que viram os vídeos. Eles mostraram que Igor Oliveira de Moraes Santos, 24, estava em pé com as mãos para cima quando foi atingido pelos disparos.

No depoimento, o PM disse que estava em patrulha quando foi acionado para verificar denúncia anônima de suspeitos armados em um local conhecido pela venda de drogas em uma rua na favela.

De acordo com o boletim de ocorrência, ao serem abordados, os rapazes fugiram e invadiram uma casa próxima, onde se esconderam debaixo da cama. Ainda segundo o policial, eles resistiram à voz de prisão, continuaram deitados no chão, e apenas Santos se levantou. O oficial disse que disparou duas vezes contra ele ao perceber sua intenção de sacar a arma que estava em sua cintura.

Segundo as pessoas que viram os vídeos, as imagens mostraram que outros dois policiais já haviam controlado a situação quando dois militares entraram no cômodo atirando. Eles não sabiam que as câmeras corporais estavam ligadas.

O policial que atirou e seu parceiro foram presos em flagrante por homicídio doloso, após análise das imagens das câmeras corporais pelo comandante do 16º Batalhão, responsável pela ação policial.

"Não havia nada que justificasse, nesse momento, o disparo por parte da força policial", afirmou o coronel Emerson Massera, chefe da comunicação da PM paulista, do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos). "Visualizamos pelas câmeras que dois policiais que atiraram no Igor o fizeram já com o homem rendido e, por conta disso, a providência adotada imediatamente foi a prisão em flagrante dos policiais militares."

A ação desencadeou protestos e vandalismo na noite desta quinta-feira (10).

Os policiais presos chegaram a acusar a dona da casa onde o suspeito foi morto de manter a atividade ilícita no local, o que foi negado por ela.

A cuidadora de crianças Andrea Menezes, 42, conta que estava no trabalho quando recebeu a ligação desesperada de sua filha avisando que sua casa tinha sido invadida, na tarde de quinta.

Ao chegar, ela se deparou com o quarto ensanguentado e marcas de bala nas paredes. Ela acredita que os suspeitos tenham entrado pela janela, que estava aberta, para fugir da polícia. O portão e a porta de entrada da casa estavam arrombados quando ela chegou.

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