Mais de 80% da população de Tuvalu, um arquipélago do Pacífico ameaçado pelo aumento do nível do oceano, solicitou um inédito visto climático para se realocar na Austrália, segundo dados oficiais publicados nesta quarta-feira (23).
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A comissão australiana que gerencia os pedidos relatou um "nível extremamente elevado de interesse", com 8.750 solicitações. O dado equivale a 82% da população de Tuvalu, que, segundo o censo de 2022, era de 10.643 habitantes.
"Com os 280 vistos que o programa oferece este ano, muitos ficarão de fora no momento", afirmou a comissão.
O arquipélago é um dos países mais ameaçados pelas mudanças climáticas e pelo aumento do nível do oceano: 2 dos 9 atóis que o integram já desapareceram, e os cientistas temem que os demais sumam nos próximos 80 anos.
Por isso, a Austrália passou a oferecer um número limitado de vistos aos cidadãos de Tuvalu, baseado em um sistema de migração climática único no mundo.
O programa, assinado no ano passado, concede os vistos de maneira aleatória e oferece aos habitantes de Tuvalu a possibilidade de viver, estudar e trabalhar na Austrália.
O dado sobre os aspirantes ao visto climático foi publicado horas antes do anúncio de uma aguardada opinião consultiva da Corte Internacional de Justiça, em Haia.
A principal jurisdição da Organização das Nações Unidas se pronunciará sobre as obrigações legais dos Estados diante das mudanças climáticas e a responsabilidade econômica dos países historicamente mais poluentes.
O caso teve origem em Vanuatu, país vizinho de Tuvalu, onde um grupo de estudantes decidiu recorrer à justiça internacional diante da urgência climática dentre as nações insulares do Pacífico.